E a menina retranca? Ela também tem sua beleza

Ultimamente, é comum ouvir, seja na mesa do bar, ou nas intragáveis mesas redondas da tv, que determinado time “joga feio”. O termo se refere a times que baseiam seu jogo em um forte sistema defensivo, e por vezes abdicam do ataque constante. Bom, falando no português bem claro, trata se da amada e odiada retranca.

É claro que todos nós gostamos de ver nosso time (ou o dos outros) fazendo gols, dando dribles, e proporcionando espetáculo. Porém, nada é mais bonito do que os três pontos. Não importa como eles serão conquistados. O importante é vencer. Seja com nove jogadores dentro do gol, seja com cinco atacantes.

Levando se em consideração que hoje em dia talento está longe de ser a principal característica dos judiadores da bola, a tática virou algo fundamental, junto com a parte física. Portanto, pernas, pulmões, sangue, suor e lágrimas são essenciais. Partindo desse princípio, se uma goleada de cinco a zero tem sua beleza, um trunfo suado, aquele um a zero chorado, o ferrolho resistindo ao bombardeio adversário, também é belo. Cada um a sua maneira.

Vemos diversas vezes, seja no futebol brasileiro ou no internacional, times que tem em sua força principal a defesa. Na maioria dos casos, o jogo vira um ataque contra defesa quando times menores enfrentam times com maior capacidade técnica (ou poder aquisitivo). Algumas vezes, dá resultado, outras não. Mas a vida é feita de tentativas, não ? Pois é, o futebol também.

Muito disso se deve ao fato de que os treinadores devem trabalhar com o que tem nas mãos. A não ser que você treine um Brasil de 1970, um Milan do final dos anos 80 – início dos anos 90, um Ajax de 1995, ou um Barcelona de 2011, o negócio é fechar a casinha, se segurar e ver no que dá. Essa maravilha é o que os comentaristas chamam de “jogar por uma bola”. Se pra alguns parece uma tragédia, para muitos é uma obra de arte.

Faltam peças para se dar espetáculo. Ou você acha que todo dia vai aparecer um Messi da vida? Ainda mais nos dias de hoje, onde craques são raríssimos. E se não se existe ferramentas para executar o trabalho, o negócio é se virar com o que se tem. Um exemplo simples para que fique mais claro: Você quer fazer um jantar romântico para sua pretendente, mas não tem dinheiro suficiente para aquela cerimônia a luz de velas, muito menos para um vinho mais caro. Uma bela macarronada e um vinho meia boca podem surtir o mesmo efeito e agradar a todo mundo. Usar a cabeça não é pecado. Muito menos proibido.

Não é incomum ouvir até mesmo jogadores reclamando de times que jogam com todo mundo lá atrás. A reclamação seria até válida, se na regra do esporte bretão existisse algum ponto que fosse contra se defender. Não existe nenhuma regra que proíba o “jogo feio”. Portanto, ao invés de reclamar, é muito melhor treinar mais para tentar furar os bloqueios formados por zagueiros, volantes, laterais e meias. Chora quem perde, comemora quem ganha.

Para finalizar, o esquema tático é composto de defesa, meio campo e ataque. Todos são importantes. TODOS. E devem sempre se manter em sintonia. O que é difícil de acontecer. Sendo assim, o melhor a se fazer é apostar no setor mais forte. Que seja o meio, que seja o ataque, que seja a defesa. O bonito não é como acontece a vitória. A vitória é bonita. E bola pro mato que o jogo é de campeonato.

 

por Mateus Ribeiro

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