Hoje no almoço me peguei mais uma vez falando do Maracanã.
Da tristeza que dá quando eu entro no estádio e olho em volta.
Tudo novo, os míseros 60 mil lugares.
As cores da Ucrânia.
O toldo ridículo onde antes havia um teto monumental.
A torcida comprimida atrás dos gols, onde dá para pagar.
O meio vazio.
Coisas da Odebrecht.
Isso já foi tema no RIP, várias vezes
Mas nunca é demais lembrar.
É mais do que um estádio o que vem sendo destruído
É toda uma cultura
Nós torcedores fanáticos, somos como índios
Lutamos para preservar um traço do que se perdeu
Tentamos, mas o futebol vai virando outra coisa
detalhe a detalhe
É tudo coerente demais, forte demais
Perderemos
Lutar contra isso é ser contra o desenvolvimento, o futuro, a riqueza
a segurança, a higiene, a lei, a paz
Nós é que somos os estranhos, os hereges, do contra
Nós que profanamos essas arenas com a nossa presença
com a nossa linguagem, com a nossa paixão
sem camisa
somos estranhos
Incomodamos quem fica sentado
Nós é que estamos errados
cheios de imperfeições
num futebol que caminha pra encenação
Somos animais sentados à mesa.
comendo o amor com a mãos.
RIP Futebol Clube.